sábado, 2 de novembro de 2013

Poesias de Vinicius de Moraes




A foca






Quer ver a foca
Ficar feliz?
É por uma bola
No seu nariz.


Quer ver a foca
Bater palminha?
É dar a ela
Uma sardinha.


Quer ver a foca
Fazer uma briga?
É espetar ela
Bem na barriga!




 O pingüim




Bom-dia, Pingüim
Onde vai assim
Com ar apressado?
Eu não sou malvado
Não fique assustado
Com medo de mim.
Eu só gostaria
De dar um tapinha
No seu chapéu de jaca
Ou bem de levinho
Puxar o rabinho
Da sua casaca.



Natal




De repente o sol raiou
E o galo cocoricou:


— Cristo nasceu!


O boi, no campo perdido
Soltou um longo mugido:


— Aonde? Aonde?


Com seu balido tremido
Ligeiro diz o cordeiro:


— Em Belém! Em Belém!


Eis senão quando, num zurro
Se ouve a risada do burro:


— Foi sim que eu estava lá!


E o papagaio que é gira
Pôs-se a falar: — É mentira!


Os bichos de pena, em bando
Reclamaram protestando.


O pombal todo arrulhava:
— Cruz credo! Cruz credo!


Brava
A arara a gritar começa:


— Mentira! Arara. Ora essa!


— Cristo nasceu! canta o galo.
— Aonde? pergunta o boi.
— Num estábulo! — o cavalo
Contente rincha onde foi.


Bale o cordeiro também:


— Em Belém! Mé! Em Belém!


E os bichos todos pegaram
O papagaio caturra
E de raiva lhe aplicaram
Uma grandíssima surra.



 

 O pato






Lá vem o Pato
Pata aqui, pata acolá
La vem o Pato
Para ver o que é que há.


O Pato pateta
Pintou o caneco
Surrou a galinha
Bateu no marreco
Pulou do poleiro
No pé do cavalo
Levou um coice
Criou um galo
Comeu um pedaço
De jenipapo
Ficou engasgado
Com dor no papo
Caiu no poço
Quebrou a tigela
Tantas fez o moço
Que foi pra panela.



 A cachorrinha


Mas que amor de cachorrinha!
Mas que amor de cachorrinha!


Pode haver coisa no mundo
Mais branca, mais bonitinha
Do que a tua barriguinha
Crivada de mamiquinha?
Pode haver coisa no mundo
Mais travessa, mais tontinha
Que esse amor de cachorrinha
Quando vem fazer festinha
Remexendo a traseirinha



 As abelhas


A AAAAAAAbelha mestra
E aaaaaaas abelhinhas
Estão tooooooodas prontinhas
Pra iiiiiiir para a festa.


Num zune que zune
Lá vão pro jardim
Brincar com a cravina
Valsar com o jasmim.


Da rosa pro cravo
Do cravo pra rosa
Da rosa pro favo
Volta pro cravo.


Venham ver como dão mel

As abelhinhas do céu









 O elefantinho



Onde vais, elefantinho
Correndo pelo caminho
Assim tão desconsolado?
Andas perdido, bichinho
Espetaste o pé no espinho
Que sentes, pobre coitado?


— Estou com um medo danado
Encontrei um passarinho!
 







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